ATÉ NUNCA MAIS

Te tirei de mim. Na verdade, eu te arranquei de mim. Usei toda minha força e te joguei no lixo. Onde você sempre deveria estar: no lixo. Ali, junto de restos de comida, de latas de refrigerante e de embalagens de qualquer coisa. Coisas inúteis. Ali é seu lugar. No oco do inútil, inutilizável. E como o próprio dicionário diz, que não presta. Você está ali. No que não presta.

Vi sua cara de espanto. Agora não poderia mais rir da cara da menininha tola. Da menina que sempre caia nos seus jogos e na sua lábia. Coitado de você, agora não teria mais alguém para tirar um sarro com os amigos. Eu fiquei com tanta pena da sua cara de panaca, tanta pena que ri. Gargalhei. Chorei de rir. Agora quem estava rindo era o que mais havia chorado. Como o mundo gira, meu amigo.

Eu não poderia ficar mais ali, estava com ânsia. Nojo dos bons. Mas antes eu precisava pegar minha caixinha de recordações. Havia tantas fotos e recadinhos ali. Como eu era uma idiota. Revirei o passado e vi como o meu papel de trouxa era grande. Joguei todos em cima de você, afinal, lixo serve para essas coisas. Ali era o passado. Você era meu passado.

Ri mais uma vez e sai. Adeus meu querido, hasta la vista, falou, partiu, tchau, good bye, até mais... Ou melhor, até nunca mais!